O fim do sonho
Dentro desta tempestade não é fácil imaginar a bonança. No
meio da absoluta perplexidade em que vivemos, da ensurdecedora cacofonia dos
palpites, os memes, os “especialistas” e todos os outros gurus de internet e os
seus definitivos vaticínios, não é fácil adivinhar o futuro. Não há enciclopédia
de história que ilumine o “fundo do túnel”, que explique, mesmo que só de
rascunho, como será o dia de amanhã, o dia depois do vírus. No entanto, mesmo
no centro do caos, algumas coisas são já certas. A busca cega de uma cura para
a pandemia vai dizimar a economia tal como a conhecemos. A UE vai-se desintegrar
e os países vão-se isolar ainda mais dentro dos seus egoísmos e ganâncias
individuais. As estruturas políticas vão desmoronar e a própria Democracia vai
ser posta em causa. O Mundo irá tombar do precipício em que se encontra e mergulhar
numa profunda, e nunca antes vista, convulsão social. Quando sairmos de casa, o
grosso das estatísticas não será das vítimas inocentes do Covid-19, será dos
que irão tombar às mãos dessa pestilência maior que dá pelo nome de autoritarismo
e isolacionismo, as vítimas da implosão desse sonho antigo chamado solidariedade
entre os povos.
in Açoriano Oriental
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