A Tourada
Já ninguém aguenta o Covid, mas com a tourada em que se
transformou a pandemia nos Açores, a piada é demasiado fácil para deixar passar.
Tiago Lopes, que era um mero peão de brega, chegou a novilheiro e foi subindo na
hierarquia a ponto de querer ser matador, cortando aqui e ali a eito, ao ritmo
de passodobles e com verónicas de capote e passes de muleta. O problema é que
ninguém lhe compreende a arte muito menos a justeza da estocada. Já o cavaleiro
Vasco Cordeiro vai dando voltas ao touro, desacertando as bandarilhas ora de
frente ora em violino e evitando a esquerda, mas sem música ou sorte na lide e
correndo mesmo o risco de, no futuro, se ver ele próprio na pele do touro tal é
a desgraça que se aproxima. Já nós, trabalhadores e empresários, somos os
forcados amadores que damos o peito à besta na pega da catástrofe económica. Sendo
que o mais certo é que a pega acabe de cernelha que pelo agigantar da braveza do
animal não há quem se lhe agarre aos cornos. E, o mais provável é que no final não
haja volta à arena e, todos, Matador, Cavaleiro e Forcados, manquejando e esfarrapados,
sairão de cena sem glória nem aplauso ao som de uma triste e amargurada marcha
fúnebre monumental.
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