O Liberalismo
Celebrou-se por estes dias o duo centenário do pronunciamento
liberal do Porto. A Revolução Liberal de 1820 marca o dealbar da afirmação das
liberdades e dos direitos fundamentais na governação do país e, principalmente,
na libertação dos cidadãos perante o Estado. A primeira Constituição Liberal é
mais do que um mero documento legislativo, é um marco fundamental na asserção
dos ideais progressistas – liberdade, igualdade e fraternidade – no Portugal de
oitocentos e está, também, na génese de todos os ideários republicanos e
socialistas, não marxistas, que se lhe seguiram. Nas cerca de duas décadas posteriores,
o país viveria mergulhado em conflitos e na disputa fratricida entre
absolutistas e liberais. Durante este período as ilhas permaneceriam um indomitável
bastião liberal e foram palco de algumas das suas principais batalhas. E é,
também, das mais profundas convicções liberais que nasceram as mais antigas
aspirações autonomistas, não podendo estas últimas ser compreendidas sem a luz
das primeiras. Para os Açores esta não é uma efeméride qualquer. Evocar o
Liberalismo é celebrar os seus valores – a Liberdade e a Constituição. Talvez por
isso os poderes políticos de hoje se tenham tão oportunisticamente abstido de
os assinalar…
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