Vidas efémeras
Lembram-se do HIV, o célebre vírus da SIDA? Esse mal-afamado
e hollywoodiano ícone dos anos oitenta, que espalhou pânico e morte a toda uma
geração? Em 2020 morreram de SIDA, em todo o mundo, cerca de 1 milhão de
pessoas. Mesmo assim e neste tempo regido já não pelos astros, pela filosofia,
ou, gostaríamos nós, pela ciência, mas antes pelo opressivo jugo da estatística,
o HIV é apenas responsável por pouco mais de 1 porcento das 60 milhões de
mortes que fatalmente acontecem, todos os anos, pelo mundo fora. Fatalmente, ou
se calhar não, uma vez que, por exemplo, a maior causa de morte global são as
doenças cardiovasculares, muitas delas provocadas por maus hábitos de vida,
como a obesidade e o sedentarismo, que matam mais de 17 milhões de pessoas
todos os anos. Ou, os cancros que matam perto de 10 milhões, muitos deles
derivados da má alimentação ou da poluição, tudo causas eminentemente humanas. Ou,
ainda, a diabetes Tipo II, essa suprema doença da modernidade, que é responsável
diretamente por quase 1,5 milhões de mortes todos os anos, sensivelmente o
mesmo número de pessoas que a OMS estima que terão morrido por efeito da
Covid-19, em 2020, em todo o mundo.
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