quinta-feira, 11 de março de 2021

Café Royal CCXVII

O PS e Marcelo

Está lançado o segundo período da década Marcelo. Numa anódina cerimónia onde, simbolicamente, os cumprimentos deram lugar a pomposas e distanciadas vénias, Marcelo entrou, tranquilamente, no seu segundo mandato. Ferro Rodrigues, derreteu-se em elogios ao perfil político de Marcelo. E, muitos altos dirigentes socialistas encurvaram-se em encómios ao Prof. de Direito e o mais tik-tokiano presidente que a república portuguesa já teve ou terá. Bem sei que a política não é hoje lugar de romantismos, nem, tão pouco, de particulares ideologias. É-me, também, de cristalina clarividência, a estratégia socialista, perante uma direita órfã, de cinicamente apoiar o campeão do centro-direita, procurando com isso garantir a sobrevivência governativa junto do eleitorado dos sem-partido, mesmo que isso implique ostracizar a sua própria militância e esconjurar a sua história. Como diria o outro: “é a política, estúpido!”. Mas, o que os líderes do PS escolhem não ver é que, quando chegar a hora, que inevitavelmente chegará com o clímax da crise, Marcelo será o primeiro a, sem pestanejar um segundo, queimar o PS no mesmo lume onde o partido hipotecou agora a pureza dos seus princípios.

in Açoriano Oriental

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