A nova laranja
Os Açores sempre viveram da riqueza do solo. Desde o pastel,
ao santificado reinado da vaca leiteira, passando pelos cereais e a laranja, até,
nos nossos dias, em que o boom do Turismo se fundou nas características naturais
das ilhas, as principais fundações do edifício produtivo açoriano estiveram
sempre solidamente alicerçadas no seu afortunado chão. O período de ouro da chamada
“época da laranja” teve o seu lento ocaso com uma crise no lado da oferta com o
ataque da cochonilha, que foi, paulatinamente, corroendo a produtividade dos
pomares e a qualidade do fruto. A praga da coccus hesperidum foi, por assim
dizer, a poda final no comércio da laranja. Hoje, porém, os Açores vivem,
novamente, uma encruzilhada perigosa, desta vez com uma dupla crise, mas do
lado da procura, com o penoso e arrastado fim da lavoura, cujos mercados vão
diminuindo ao mesmo ritmo que a concorrência vai aumentando, e a obliteração dos
fluxos do Turismo, às mãos da insanidade da Covid. Mas, se no sec. XIX, houve engenho
para substituir a laranja pelo ananás, nos dias que correm não se vislumbra nem
energia, nem talento, nem tão pouco um “fruto” alternativo que possa produzir essa
mudança.
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