quinta-feira, 25 de março de 2021

Café Royal CCXIX

A malandragem

A saga rocambolesca da Azores Park, em toda a sua garotagem, incúria e desonestidade, é mais um daqueles assuntos que retratam de forma fiel aquilo que melhor distingue a vida pública nacional, tal como o bacalhau marca a nossa gastronomia – a malandragem. Estão lá todos os ingredientes habituais: suspeitas de corrupção; ameaças; conluios; gestão danosa; incompetência; favorecimento; envolvimento dos dois maiores partidos políticos; ligações obscuras entre a política e o futebol; eventual dolo de detentores de altos cargos públicos e dinheiro, muito dinheiro, com proveniências, portadores e destinos ainda por explicar. Num imenso rol de interligações sombrias entre o público e o privado. Independentemente do que venha a ser provado em tribunal, há um julgamento, político, que se pode, desde já, fazer: o dos executivos que geriram a Câmara Municipal de Ponta Delgada ao longo de todo este processo. Os americanos têm uma expressão que se aplica neste caso como uma luva: “not on my watch”. O que sabemos hoje, pelo que já veio a público, é que tudo se passou no turno deles e um deles é, agora, o nosso Presidente Amigo. Resta saber se tudo aconteceu por ignorância, por desleixo ou por manifesta má-fé.

in Açoriano Oriental

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