Ao longo das últimas
décadas, a chamada “sociedade de consumo” foi-se, de forma kafkiana, metamorfoseando
em “sociedade do desperdício”. Vivemos, verdadeiramente, na Era do Lixo. Quem
passeie na orla marítima não pode deixar de ficar assoberbado com a quantidade assustadora
e abismal de lixos, borracha, plásticos e outros materiais sintéticos que o Oceano
regurgita de volta à terra. Os dados dos estudos internacionais são ainda mais
horripilantes: perto de 12 milhões de toneladas de lixos são arremessadas aos
oceanos todos os anos; estima-se que a “Grande Mancha do Pacífico”, um enorme
aglomerado de plásticos reunidos pelas correntes oceânicas, tenha cerca de 1,6
milhões de quilómetros quadrados; e os microplásticos já se encontram hoje na
cadeia alimentar. Esta batalha contra a cultura do descartável, em que nada tem
valor e tudo é lixo, é, juntamente com o combate às alterações climáticas, a missão
mais importante do nosso tempo. Recentemente, o Parlamento regional aprovou uma
proposta do PS para acabar com os plásticos descartáveis nas ilhas. É um
louvável passo na tentativa de resgatarmos o futuro. Resta saber se ainda vamos
a tempo…
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
Café Royal CXII
Da vã censura
Na semana passada, um
canal de televisão revelou um alegado caso de favorecimento, na venda do
Pavilhão Atlântico, a um conhecido empresário de festivais de música que, dá-se
o caso, é, também, genro de Cavaco Silva. Este caso seria amendoins ao pé do
fervor vendilhão do governo de Passos Coelho, que até a EDP vendeu aos chineses.
Porém, o facto de a Ministra responsável por tal alienação ser Assunção Cristas
torna-o relevante à luz da política de hoje, em que a Direita portuguesa se vê
a braços com uma luta de poder inédita, pontuada por várias forças políticas,
longe dessa hegemonia bicéfala entre PPD e o “partido do táxi”. Confrontada com
este caso mediático, que lhe poderia fazer mossa em plenas pré-campanhas
eleitorais, Cristas fez uma fuga para a frente e apresentou uma Moção de
Censura ao Governo, que foi absolutamente vazia, fútil e irrelevante. Este é
apenas mais um triste episódio na já longa novela do descrédito do nosso
sistema político-partidário, com partidos cada vez mais autocentrados e
preocupados exclusivamente com a sua sobrevivência de curto prazo. Resta saber
quando e como é que o eleitorado vai, finalmente, reagir à cupidez dos partidos
políticos…
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019
Café Royal CXI
Enquanto a promoção turística dos Açores vai agonizando, o Governo Regional entretém-se a rever o seu Plano de Ordenamento Turístico. Nas quase 400 páginas do relatório preliminar do POTRAA, como é afectuosamente conhecido, elabora-se, em jargão universitário, sobre o estado actual do turismo, os seus impactos no território e a sua evolução. Desde logo, há uma enorme falha neste documento que é a ausência de uma definição clara sobre o que é a região como Destino. A expressão “matriz identitária” é repetida ao enjoo, mas nunca nos é explicada que matriz é essa. A Natureza, que já foi viva e depois intacta, agora é exuberante e “vivenciada”, mas nunca nos é dito se esta exuberância é a da uva da serra ou do novelão. Insiste-se, à exaustão, na “Qualidade”, mas nunca nos é dito o que isso é, como e quem a define e com base em quê. E o absurdo vai ao ponto de se estabelecerem normas, como é o caso do estapafúrdio AL +, sem que sequer esteja definido o que isso será. Mas, ao menos, este Plano é optimista. Acredita que o Turismo na região vai continuar a crescer, se bem que nunca explique como. É, assim, tipo, uma fezada. Não sabemos é se a Fé também traz turistas…
in Açoriano Oriental
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019
Café Royal CX
Até ver…
No Turismo não faltam “treinadores
de bancada”. Qualquer pessoa que tenha viajado acha que, por essa razão, tem um
conhecimento aprofundado sobre esta Indústria. Este “achismo” não é em si um mal,
mas quando decisões políticas e empresariais são tomadas com a mesma falta de saber,
então sim é perigoso. Nos Açores, se olharmos para as empresas do sector
constatamos que, pegando apenas na hotelaria, a maioria são, na verdade, grupos
económicos cujo “core business” é o retalho, os combustíveis, rações e suínos, construção-civil
ou, ainda, esse eufemismo moderno para agiotagem chamado Fundos Financeiros. Sabendo
disto, o Governo Regional decidiu, sem explicação, desvincular-se da ATA,
deixando a promoção turística da Região a ser gerida exclusivamente pelos
empresários, não percebendo que estes, fruto, desde logo, de interesses
concorrentes entre si, teriam sempre extrema dificuldade em se entender. Aliás,
é esse o papel fundamental do Governo nesta área: criar e implementar
consensos. A equação é muito simples: sem Promoção não há turismo, sem turistas
não há Destino. Entretanto, e até ver, temos a Ryanair…
Subscrever:
Mensagens (Atom)