Steiner
Desde o início desta crónica, Janeiro de 2017, que George
Steiner é, e continuará sempre a ser, uma figura tutelar deste “café”. Nesse primeiro texto socorri-me da bela imagem de Steiner de que a “ideia de Europa”
está alicerçada no hábito europeu de frequentar cafés e, principalmente, de,
nesses cafés discutir e debater ideias livremente e no choque benigno entre
diferentes correntes literárias, visões científicas ou opiniões políticas. Uma
Europa contruída por dois pilares fundamentais – liberdade de pensamento e
respeito pelo outro. A Europa das Ideias. Só possível, aliás, pela existência
dessa persona, que o próprio Steiner representava e da qual era um dos
últimos verdadeiros exemplares, o Intelectual. Steiner dedicou a sua vida a
duas atividades em vias de extinção: a leitura e o pensamento. Mas sempre com
um profundo respeito pelas ideias, mesmo que estas fossem antagónicas entre si.
Num tempo em que a excessiva especialização, a abstração rápida e o
entrincheiramento ideológico se tornam sinónimos de cultura, a noção de que é
preciso perder tempo a pensar é um dos grandes legados de George Steiner, e um saudável
exercício que continuaremos a cultivar aqui, no Café Royal.
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