O Atoleiro
Hergé, pai de Tintin, embora controverso, foi um
extraordinário criador. Autor de inúmeros álbuns de banda-desenhada, inventou várias
personagens memoráveis. Oliveira da Figueira, vendedor ambulante lisboeta, foi
uma delas. Protótipo do português manhoso, vendendo traquitanas no deserto, é o
paradigma da chico-espertice nacional. Aquilo a que vamos assistindo, sem surpresa,
em torno da vacinação, é mais uma demonstração dessa tendência portuguesíssima para
a batotice. O desenrascanço, usado para resolver problemas, é uma virtude e
deve ser cultivado. Mas, a aldrabice, prejudicando o próximo, é um gesto obsceno
e condenável. Por cá, no Atoleiro do Bolieiro, vamos assistindo, com acentuado pavor,
à virulenta purga que a geringonça da direita insular vai cinicamente fazendo em
tudo o que é administração pública. Depois das infindáveis juras de respeito pelas
pessoas. E, as promessas de ser diferente do que lá estava antes. Com a aparente
passividade cúmplice do seu respaldo parlamentar, vão desfazendo tudo quanto é
cargo, num afã digno de uma trituradora. Do administrador ao inspetor, até,
qualquer dia, o chapéu largo da “confiança política” servir, também, no
contino, no motorista e na funcionária da limpeza, encarregue de vazar o lixo…
1 comentário:
Então era só o PS/Açores a comer da gamela? Os “boys and girls” do PSD/Açores, CDS/Açores e PPM/Açores, ou seja, a esposa do deputado, o irmão do líder de bancada parlamentar, o marido da diretora regional, a funcionária do museu na ilha do Corvo, a prima e a tia, enfim, todos esses que vão surgindo semana após semana, não têm o direito ao seu lugar no festim?
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