Na Roménia a
corrupção é despenalizada, no Brasil estatizada. A Europa vive anestesiada, a
América Latina bloqueada. África engatilha e o Ártico descongela. Putin manda,
Trump tweeta. A Inglaterra Brexita, a Alemanha hesita. O país eutanasia e a
ilha incinera. Imaginar o futuro é como olhar pelo cano de um caleidoscópio…
mas, se olharmos para trás talvez consigamos ver a origem deste tempo. Recuemos,
por exemplo, à queda do Muro. Essa simbólica debacle do modelo maniqueísta de dois
blocos, duas ideologias, duas perfeitamente claras e irredutíveis visões da condição
humana e da organização social. O fim, à marretada, dessa “pax” fria
arremessou-nos, inadvertidamente, para o caos da superficialidade política. Por
todo o mundo, jovens políticos, vazios de projecto e enfeitiçados pela ideia da
imortalidade das democracias (ou talvez deles próprios), imaginaram várias terceiras
vias com o único fito de conquistar o poder e perpetuá-lo em curtos ciclos de
quatro anos. Mais de 30 anos passados não há uma ideologia, um valor ético, que
sobreviva. Tudo vale, desde que se garanta a reeleição e se perpetue o sistema.
Hoje, pressente-se no ar que é esse próprio sistema que vulcanicamente se prepara
para desmoronar…
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
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1 comentário:
Muito bom! A arte da análise pondo o dedo nas feridas abertas deste mundo desgovernado.
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