Ao que tudo indica o Governo vai ver o seu Orçamento de Estado aprovado pela “abstenção construtiva” da direita parlamentar. É claro que depois da verdadeira inundação de discurso catastrofista, levada a cabo nos media, devidamente apoiada nos relatórios das agencias internacionais, sobre o quanto pior do que a Grécia é Portugal tudo apontava para uma solução de acordo à Direita do espectro político. Aliás, dado o quadro, não podia ser de outra maneira, mas esta opção levanta várias questões eleitorais. O Primeiro-ministro Sócrates mostra mais uma vez a sua tenacidade e pragmatismo político, escudado num discurso da situação do país consegue a sustentabilidade do seu Governo para até depois das presidenciais encostando Cavaco à sua própria declaração de entendimento. E, ao mesmo tempo, encurrala a esquerda (ou as outras esquerdas...), com Alegre pelo meio, num beco sem saída. Do ponto de vista da tarefa de Primeiro-ministro, é uma verdadeira vitória. Mas resta saber se Sócrates consegue também ser um bom Secretário-geral do PS. É que a estratégia agora seguida para o orçamento salva-lhe o Governo, mas pode ao mesmo tempo significar a reeleição de Cavaco e uma delapidação ainda maior do eleitorado, dito de esquerda, do PS. Ficam duas perguntas: Achará Sócrates que o melhor presidente para si é Cavaco? E o que fará Cavaco (e a sua entourage) com um segundo mandato?
Enfim, coisas do país político. Agora vou ali fazer a sopa da bebé.
Liberdade de imprensa: para além dos rankings
Há 12 horas
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