quinta-feira, 31 de maio de 2018

Café Royal LXXIV

Da Dignidade

Nos últimos dias muito se falou de dignidade da pessoa humana, reduzindo-a, estupidamente, à fronteira da morte, como se esta fosse um instante singular no percurso da vida. Legislar sobre a liberdade de escolha pela eutanásia, tal como pelo aborto, não pode ser o mesmo que decretar sobre o valor das assinaturas de arquitectos e engenheiros. Aquilo que os partidos da Geringonça (menos o PCP e mais o Sr. do PAN…) tentaram fazer, numa questão essencial, de liberdade individual do cidadão - decidir sobre a sua própria morte - foi em todos os sentidos indigno porque absolutamente antidemocrático. A pequena golpada de querer fazer passar uma lei fundamental sem aviso, sem escrutínio popular e sem o debate público de um referendo, apenas teve como resultado a morte deste assunto no futuro próximo. As democracias deviam ser lugares de respeito, de dignidade, entre eleitos e eleitores. Querendo decidir sozinhos, sem um debate esclarecido e alargado, os partidos “eutanasiaram” a eutanásia… É pena, porque este assunto merecia ser tratado com a mesma dignidade que se pretendia dar ao terminar da vida.
 

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