…é a pior maneira de
ficar nela!” Sentenciou Daniel de Sá em Ilha Grande Fechada. Esta frase lapidar
sobreviverá ao romance e, injustamente, ao Escritor que foi Daniel de Sá.
Embora seja esse, enfim, o desígnio dos grandes, serem perpetuados pelas frases
e universais pela eternidade das palavras. O romance é um magistral retrato da
condição açoriana, principalmente na fixação que faz de um certo modo de ser
ilhéu. Logo a abrir, Daniel de Sá assinala: "Uma ilha grande, fechada, que
durante muito tempo só se abriu para deixar sair gente". Este é, talvez, o
mais acertado retrato da “açorianidade”, como lhe chamou Nemésio. Uma persona que assenta na aceitação, quase
monástica, da clausura da ilha. Como se o horizonte, o mar, fossem
aprisionamento em vez de livre navegação. Desde os primórdios do povoamento que
as ilhas se cerraram sobre si próprias. E, mesmo nos curtos períodos de
cosmopolitismo, desde Angra dos Filipes, à Horta dos Clippers, passando pelo
São Miguel de oitocentos, com as suas pequenas elites terratenentes abastadas
de laranja, que o essencial de um certo ser açoriano é a sua recusa em abraçar
o Mundo. E, até, em se deixar abraçar por ele…
Liberdade de imprensa: para além dos rankings
Há 12 horas
1 comentário:
Bendita a hora em que não estavas inspirado.
Abraço
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