Regressos
O Verão é o tempo dos regressos. Do regresso à casa dos avós
e aos nossos lugares de conforto. Do regresso uterino ao mar. Do regresso, por
essa indolência própria que só o Verão tem, à infância. O Verão é o tempo em
que os homens regressam a vestir calções e as mulheres à luminosidade dos
corpos despidos inocentemente. O Verão é o regresso ao mais puro dos
descomprometimentos, à verdadeira isenção de horários, à liberdade de não ter o
que fazer e ao seu prazer. E do regresso, muitas vezes, a nós próprios e ao
obrigatório dever de ter tempo para nós. O Verão é, também, o regresso a uma ideia
imaginada de felicidade. Como se só pelo calor do sol e dos balanços do mar
fossemos verdadeira e permanentemente felizes, com a felicidade única de quando
éramos crianças. Um regresso aos milhentos tons de azul do mar de águas
translucidas e do céu infinito e iniciador de tudo. Um regresso, místico, à
pureza inicial da luz e da mente livre. O Verão é, enfim, o regresso ao sonho e
ao sentimento de que o futuro se abre à nossa frente, pleno de hipóteses,
encantadoramente indefinido. Resta-nos fazer permanecer o Verão, em cada dia…
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