Folheando os
periódicos locais, no rotineiro café matinal na Tabacaria, reparo com desgosto na
tendência actual dos opinadores, digamos parlamentarmente no activo, para
escreverem sobre si próprios. É como se as suas colunas nos jornais se tivessem
transformado em cenas dos próximos capítulos dos apartes parlamentares. Recentemente,
esta propensão assumiu novos limiares no submundo da internet. Numa série de
posts e comentários vários protagonistas efabularam sobre si próprios, o seu
estatuto, a sua verdade, o ângulo e a visão, mais ou menos destorcida, da sua própria
narrativa política. É como se todo o espaço político se reduzisse à mera existência
dos seus protagonistas. O que dizem, o que fazem, como se relacionam e se destratam
uns aos outros. Como se o relevante fossem os políticos em vez das políticas. São
os próprios actores do teatro político que se menorizam a este papel e quando
pretendem parecer que pensam o futuro da região fazem-no em fúteis comissões
eventuais sobre a reforma da autonomia. O papel dos políticos é escutar e
ajudar os outros e não fecharem-se sobre si mesmos. Razão tem Álvaro Monjardino
quando alerta que o importante não é mexer nas instituições, mas sim um modelo
de desenvolvimento económico sustentável para a autonomia. E isso, creio eu,
não se encontra no Facebook…
Profissionais da indignação
Há 3 horas
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